quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A primeira desventura

Começarei agora a minha saga em Madri, cidade na qual fui forçada a permanecer por dois dias. Como disse no post anterior, chegou um senhor com uma foto de como Londres se encontrava naquele dia, 18 de dezembro, sábado. Poucos minutos antes do horário de embarque, os monitores já avisavam que o voo IB3176 havia sido cancelado. Entrei em desespero, ainda mais depois que um senhor, com cara de chileno, chegou pra mim e falou que a Iberia, companhia aérea, não ia arrumar novas passagens e nem hospedagem, já que possíveis voos para Londres só sairiam no outro dia pela manhã. Todos se dirigiram para o quiosque de informações da Iberia, próximo ao portão de embarque, formando uma fila enorme.
Com meu emocional já bem abalado, adivinhem qual foi minha primeira reação. Chorei. Chorei muito. Todo mundo que  passava ficava olhando, mas quem disse que eu estava ligando? Só queria botar pra fora todo aquele desespero. Foi então que um senhor muito simpático me emprestou o celular para que eu ligasse pra minha tia e fez de tudo para que eu parasse de chorar.
Uma funcionária da Iberia apareceu e nos deu coordenadas para conseguirmos novas passagens e hospedagem. Já me deixou um pouco mais aliviada, pelo menos isso eu teria. Foi quando eu conheci a Stephanie, una chica colombiana que também estava sozinha. Ela estava vindo para Londres porque o pai mora aqui. A sensação de não se sentir mais só é uma das melhores do mundo!
A comunicação no início foi um pouco complicada: eu entendia bem o que ela falava, mas ela não compreendia nada em português e pouco em inglês. Posso dizer que aprendi muito com ela, comecei com um portunhol forçado e no final já tinha aprendido muitas coisas novas.
Mas voltando à sequência dos fatos, Stephanie e eu acabamos conseguindo outra passagem, para o dia 19 de dezembro, domingo, às 14:45. Também conseguimos hospedagem em um hotel chamado Barajas e como ela tinha menos de 18 anos o pai teve que mandar uma autorização.
Tudo resolvido, pegamos o onibus reservado pela companhia para nos levar seguras até o hotel, com mais muitas pessoas na mesma situação. Só que quando o ônibus parou, não estávamos na frente de nenhum Hotel Barajas e sim do Hotel Tryp Atocha. Pedimos que o motorista do ônibus nos levasse até o hotel certo, mas ele se recusou. Uma coisa dando errada atrás da outra. Como já era noite e fazia muito frio, resolvemos entrar e tentar resolver a situação por lá mesmo. Por fim, depois de muito esperarmos por uma recepcionista lerda, que não sabia muito bem como agir, conseguimos ficar no hotel. Jantamos bem, tomamos um bom banho, até passeamos, mas o frio tava de cortar.
No dia seguinte, após o café da manhã, já deixamos tudo arrumado e fomos esperar o taxi que o aeroporto nos mandaria. Quando estávamos na recepção, uma família americana chegou para se hospedar, explicando que estava indo para Londres mas o voo havia sido cancelado naquele dia. Meu coração chegou a pular. Corri atréas do cara e ele me confirmou que realmente havia sido cancelado, o aeroporto de Londres continuava fechado porque nas pistas havia simplesmente 20 cm de gelo. Os aviões não poderiam pousar.
Mesmo assim, teríamos que voltar ao aeroporto para pegarmos uma nova passagem, mas quanto à hospedagem, já era outra história: a Iberia alegava que não tinha nenhuma culpa sobre o tempo, então não era obrigada a pagar hospedagem por duas vezes.
Stephanie tinha parentes em Madri, um avô e alguns tios, e eu conhecia uma pessoa também, amiga dos meus pais. Mas ela não queria que nos separássemos e nem eu queria ficar sozinha ou sair de perto dela porque eu não falava espanhol muito bem, e lá no aeroporto eles preferiam falar no idioma local, e quando resolviam falar em inglês era um sotaque muito estranho.
Então pegamos um taxi e partimos para a Calle Fernando 'El Catolico', número 50, Centro. No meio do caminho descobri que a Stephanie NÃO CONHECIA o avô! Os pais dela se separaram muito cedo, ela morava com a mãe na Colômbia e este avô era o paterno, com quem ela não teve muito contato, só quando bem pequena. Bom, eu já estava indo para casa de gente desconhecida, e agora havia descoberto que era gente mais desconhecida ainda!
Chegando lá, para a nossa "sorte", descobrimos que a mãe da Stephanie havia nos dado o endereço errado e não havia um orelhão que funcionasse naquele centro. Agora imagina duas garotas, sem saber nem ao menos onde estavam, em um domingo já pronto para anoitecer. Mais desespero. Até que encontramos um telefone que funcionava e ligamos para que o avô dela fosse nos buscar. Daí ocorreu tudo muito bem, e o endereço certo era Calle Fernandez de los Rios, dá pra confundir?
Sabe aquela casa com clima de família unida, bem aconchegante, cheia de crianças? Foi com um lugar assim que eu me deparei quando cheguei lá, bem casa de avós mesmo, avuellos como dizia Stephanie. Todo mundo nos acolheu muito bem, com certa curiosidade e emoção, já que o avô e os tios de Stephanie estavam conhecendo-na quase que como pela primeira vez.
Comemos, tomamos outro bom banho, eu inclusive tomei a liberdade de lavar meu cabelo. Avisei minha tia onde estava, na verdade avisava ela de todos os meus passos, por isso gastei tanto dinheiro no aeroporto. Usar telefone e internet lá era uma pequena fortuna!
Nosso voo sairia cedo, às 8:45, no outro dia, 20 de dezembro, segunda-feira. Precisaríamos acordar as 5 da manhã. O avô combinou o horário com o taxi ainda naquela noite e meu celular faria o trabalho de nos despertar no  horário certo. Os avós foram dormir e eu descobri tarde demais que tinha acabado a bateria do meu celular.
O que aconteceu foi que praticamente não dormimos, ficamos vigiando o horário. Mas levantamos no tempo certo e acabamos saindo sem nos desperdimos do Señor Guillermo Delgado, porque ele não acordou. Muito estranho.
Enfim, chegamos novamente ao aeroporto e esperamos no portão de embarque. Com toda a confusão nos voos de Londres, nossa passagem não tinha lugar marcado, estávamos em Stand By, com muita sorte conseguiriamos lugar para sentar. E até que tivemos alguma sorte dessa vez.
Mas ela não demorou muito a acabar: mal havíamos nos acomodado quando a aeromoça avisou que o avião estava com problemas e não poderia levantar voo. Eu mal podia acreditar. Só queria sair daquele aeroporto, daquela cidade, era pedir muito?
Uma hora depois recomeçaram a nos acomodar em outro avião e finalmente partimos.



Vista da rua em que se localiza o Hotel Tryp Atocha. Falando nisso, muitas coisas naquela rua tinham o nome de Atocha, mas não consegui descobrir o que era. Talvez o nome da própria rua.











Ainda a rua do hotel. Nesta foto inclusive mostra o Burguer King que, confesso, só fui ver na própria foto ;x














Domino's Pizza, em homenagem à @vgvictoria. Era praticamente em frente ao hotel =))











 Esta é uma foto que tirei de dentro do taxi, a caminho do aeroporto. Não faço nem idéia do que seja isso... agora podem me atirar pedras de não ter postado nenhuma foto minha na Espanha, mas a situação que eu estava não era boa não tá. Me sentia horrível, aparência com uma mistura de stress e cansaço.

9 comentários:

  1. Fotos amanhã? Caozera! Ontem falou a mesma coisa HAIHIOIHIOA

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  2. Caramba, Juh, isso é história pra contar pros netos, de tão louca!

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  3. aiii... já to seguindo!! =D
    vou ler agora... bj

    Kary Duarte

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  4. amiga!
    o que que isso que vc passou hein hahaha
    mas é bom pra ficar mais emocionante né iHAiuAHA

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  5. caraca, amiga! Que desespero!!!
    eu ia sentar e chorar MUUUUUUUUITO antes de conseguir fazer alguma coisa, tb AHAHAHAH
    mas ainda bem que deu tudo certo :)

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  6. Olá Juliana! Então, quando você falou em Atocha, eu lembrei dos atentados de 11 de março de 2004 em Madrid, que foi justamente na Estação de Atocha (última foto) e também em outras estações, onde morreram 191 pessoas e mais de 1.700 ficaram feridas.
    Bjs
    Felipe Borges

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  7. Ah...pelo menos você fez um rápido passeio em Madrid, hehe!!! Conheceu mais uma capital sem ter se programado!!

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  8. Ter histórias pra contar inclui fortes emoções né amiga. Minina bem que dizem que amigos são anjinhus que aparecem na vida gente. Fazer novas amizades é sem dúvidas muito reconfortante em situações como essas. =*

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